Palestra Caminhos do Movimento Sindical, com o professor da Unicamp/SP, José Dari Krein

Coordenação de Antônio Angelin, Sintape/PE, relatoria de Fernanda Maia, Sinter/MG, colaboração temática de Ronaldo Aquino, Sinter/MG e apoio e assessoria de Luciane Tavares, Sintape/PE

O movimento sindical, para o professor José Krein vive uma crise e precisa se reinventar. Segundo ele, o sindicato continua tendo papel estratégico na sociedade, apesar de ter tido queda na confiança, depois de 2017, com a Reforma Trabalhista. Mas Krein acredita que os sindicatos vivem um momento favorável e isto pode ser visto em vários países onde o movimento tem conseguido avanços.

Para o professor é preciso pensar quais os caminhos que o movimento sindical deve tomar e é necessário fazer um diagnóstico. “O movimento perdeu a capacidade de encantamento, de atrair os trabalhadores e o grau de confiança caiu”, disse.

Na visão de Krein, falta para o movimento a capacidade de interferir no debate social. Essa capacidade tem aumentado, mas precisa ser ainda melhor. A partir de 2020 há sinais de novo crescimento do movimento.

A crise que vive o movimento sindical tem a ver com o conjunto de transformações tecnológicas que vivemos, de acordo com Krein. A melhora apontada, de acordo com o professor tem a ver com a recuperação da economia e o modo como vive a sociedade atualmente, onde aumentou muito, por ex. o setor de serviços. Ele mostru que atualmente muita gente tem trabalho precário, há muita diversidade e um setor de excluídos em torno de 30 milhões, que são desempregados, ou vivem de pequenos serviços, ou ainda não tem capacidade, por diversos problemas, de conseguir um trabalho.

“O movimento sindical precisa repensar sua forma de ação, é preciso uma reconfiguração. Vivemos uma política que responsabiliza o trabalhador pela sua situação, uma onda liberalista. Temos o empreendedorismo e a empregabilidade, onde o indivíduo é responsabilizado pela sua situação”, alerta Krein. Mas ele lembra que agora essa visão de mundo está perdendo força, com o crescimento de movimentos como o feminista, de negros, quilombolas etc, que são muito bem vindos.

Por outro lado, o professor aponta a fragilização política para fragilizar os sindicatos. “O governo afasta os sindicatos de qualquer discussão, alija o movimento da política, de tudo que é decidido para os trabalhadores, disse o professor. No trabalho virtual, por exemplo, querem fazer acordo individual. Na ação de enfraquecer ainda mais o movimento o governo retirou dos sindicatos as homologações, proibiu a cobrança de mensalidade de não associados, entre outros.

O que fez diferença na pandemia, para o professor, foram os sindicatos mais organizados e estruturados, que puderam proteger muito melhor as categorias, do que as que não têm. “Os sindicatos mais estruturados descobriram com a tecnologia outras formas de mobilização e comunicação”, salientou.

Ele citou algumas alternativas, como os sindicatos se fecharem e defenderem apenas seus associados. Os sindicatos trabalharem meramente com a questão social, com a oferta de serviços. Ou ainda uma organização sindical mais ampla que represente os trabalhadores mais heterogeneamente. “O grande desafio é como representar essa classe mais heterogênea. A questão fundamental é como recriar uma agenda para conquistar esses trabalhadores mais heterogêneos”, alertou. Outra opção, segundo Krein, é que o movimento seja mais classista e agrupe diferentes trabalhadores. “O direito das proteções deve ser expandido a todos, precisamos universalizar e repensar melhor os valores coletivos”, lembrou.

Krein elenca pontos importantes para atrair os trabalhadores para o movimento sindical como: redesenhar a comunicação, fortalecer o sindicato, investir em formação, mpliar alianças com outros movimentos, estimular a participação principalmente dos mais jovens, das mulheres, dos negros. “É preciso apostar numa formação que inclua essa diversidade”, disse.

Krein cita como fundamental conseguir apresentar agenda que enfrente o problema estrutural, de falta de trabalho, que combata a descriminação, valorize as experiências coletivas. Para o professor há sinais de que os sindicatos continuam importantes, mas precisam de uma agenda para conquistar corações e mentes. “O movimento deve se dedicar a construir uma identidade, para ter maior aproximação com os trabalhadores e sociedade. Sem organização é impossível ter sociedade democrática”, finalizou.

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